Godinho Lopes cumpre esta segunda-feira um ano que foi eleito presidente do Sporting. É pois altura de fazer um balanço destes conturbados 365 dias de altos e baixos.
A agitação começou logo no exato momento em que Godinho Lopes foi eleito. Centenas de apoiantes de Bruno de Carvalho (candidato derrotado por apenas 360 votos) festejavam a alegada vitória, que tinha sido avançada pelas televisões que cobriam as eleições. E alguns reagiram com violência quando souberam que afinal o triunfo pertencia ao engenheiro de 58 anos.
Godinho Lopes nem sequer conseguiu subir ao palanque reservado ao vencedor e quem discursou foi... Bruno de Carvalho, que em vão pediu calma aos seus apoiantes.
Logo a partir desse momento, Godinho Lopes percebeu que iria ter vida muito complicada como líder do mais conturbado clube português. No entanto, de forma algo supreendente, as águas serenaram rapidamente.
A época 2010/11 terminou bem (dentro do que era possível...), com o Sporting a alcançar o terceiro lugar ao vencer em Braga na última jornada.
Por outro lado, a ambiciosa política de contratações para 2011/12 fez crescer água na boca dos exigentes, mas famintos adeptos do clube. Nomes como Diego Capel, Fito Rinaudo e Stjin Schaars alimentavam a esperança do regresso aos êxitos.
A grande contratação parecia ser mesmo o treinador, Domingos Paciência, obreiro de um extraordinário trabalho no Sporting de Braga, nas duas temporadas anteriores.
Como se sabe, os adeptos dos clubes só se regem ao sabor dos resultados. Se são bons, tudo o resto, mesmo que esteja mal feito, é esquecido. Se são maus, mesmo que tudo o resto esteja bem, nada há a fazer...
Euforia, depressão, euforia, depressão, euforia...
E os primeiros resultados do Sporting na pré-época criaram grandes expetativas entre os adeptos, principalmente uma vitória diante da Juventus por 2-0, que terá sido sobrevalorizada.
A 30 de julho, 49 mil espetadores marcaram presença no jogo de apresentação, diante do Valência. Foi o primeiro balde de água fria, pois os espanhóis ganharam por 3-0.
A equipa perdeu a confiança e não ganhou nas três primeiras jornadas do campeonato: empates com Olhanense e Beira-Mar e derrota com o Marítimo, com muitas queixas das arbitragens pelo meio. Que de resto se mantiveram durante a época, com epicentro no jogo com o Gil Vicente, após o qual Godinho Lopes exigiu a irradiação de Bruno Paixão.
Surgiu a célebre greve dos árbitros ao jogo do Sporting em Aveiro e quando as coisas pareciam começar a ficar muito negras - obrigando à contratação de última hora de Elias, jogador mais caro da história dos leões, e de Insúa - uma fantástica reviravolta de 0-2 para 3-2 em Paços de Ferreira, em partida da quarta jornada, lançou a equipa para a sua melhor fase na época.
Seguiram-se 10 triunfos consecutivos e a equipa só foi travada na Roménia, pelo Vaslui. Mas mais grave do que a derrota (o Sporting até já estava qualificado para a próxima fase da Liga Europa) foi a grave lesão de Rinaudo, possivelmente o jogador mais influente nos leões.
A equipa nunca mais foi a mesma e depois de estar a apenas um ponto dos líderes Benfica e FC Porto, começou a perder terreno, até ao atual quarto lugar, à distância de 13 pontos para os dragões, que ocupam o primeiro lugar.
No início de fevereiro, Domingos Paciência foi mesmo despedido, naquela que terá sido a decisão mais polémica de Godinho Lopes. Isto depois de na véspera, o presidente ter garantido que mantinha a confiança no técnico...
O sucessor foi Ricardo Sá Pinto, que no fundo tem mantido a trajetória de Domingos Paciência: resultados sofríveis no campeonato (três vitórias e duas derrotas) e bons na Liga Europa. Embora nesta última competição, a tarefa de ultrapassar o Manchester City parecesse, à partida, impossível.
Para além do sucesso na Liga Europa, os verde e brancos vão também marcar presença na final da Taça de Portugal, na qual enfrentarão a Académica.
Um aspeto indiscutivelmente positivo neste mandato foi o regresso dos adeptos a Alvalade. A atual média de 34 mil espetadores em jogos do campeonato é mesmo a mais elevada do novo estádio e seguramente a mais alta desde os tempos de Figo e Balakov, nas temporadas 1993/94 e 1994/95.
Fora do campo, e para além dos constantes problemas com o setor da arbitragem, o grande destaque vai inevitavelmente para a auditoria aos últimos 13 anos de gestão.
A 1 de fevereiro deste ano, ficou a saber-se o que já se adivinhava: o Sporting está em falência técnica, com capitais próprios negativos de 138 milhões de euros.
A solução parece passar por investidores estrangeiros e Godinho Lopes tem-se desdobrado em contactos nesse sentido.
A ausência da Liga dos Campeões pelo terceiro ano consecutivo ameaça ser dramática. A nível de receitas de televisão e de prémios monetários, a Liga Europa distribui "migalhas", se compararmos com o que se passa na principal competição de clubes.
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