José Eduardo Bettencourt não pretende esperar muito mais. O presidente leonino não ficou indiferente à contestação sentida após a derrota caseira do Sporting ante o Braga, na segunda ronda da Liga Sagres, e, como confessou aos adeptos que, no final do jogo disputado anteontem à noite em Alvalade, o questionaram sobre o futuro, promete "tomar uma atitude". Resultados, exigem-se, e de imediato, caso contrário todo o departamento de futebol poderá ser posto em causa. Cinco jogos sem vencer no arranque de uma temporada que se queria plena de ambição não são compatíveis com os desejos do presidente e, como tal, Bettencourt, em caso extremo, até poderá deixar cair uma estrutura que desempenhou um papel importante no projecto eleitoral que apresentou aos sportinguistas. Independentemente do apreço pessoal e profissional pelo treinador, expresso publicamente em diversas ocasiões, a verdade é que, se a ausência de vitórias perdurar, um dos cenários admissíveis é que o presidente peça contas a Paulo Bento e também ao director-desportivo, Pedro Barbosa. Por conhecer, caso este cenário se confirme, fica o futuro de Miguel Ribeiro Telles, até porque foi este dirigente, bem próximo de Bettencourt - e com o qual mantém uma amizade de longa data -, a apostar em Pedro Barbosa para o desempenho das actuais funções. De momento, mais importante ainda que o desfecho da eliminatória de acesso à Liga dos Campeões - cuja segunda mão, com a Fiorentina, se joga na quarta-feira em Florença - é o mau início de campeonato, que pode comprometer o principal objectivo do ano. Certo é que, caso este arranque inédito na história do emblema verde e branco se agrave (ver peça na página 22), o presidente será forçado a intervenção dura na gestão desportiva. Bettencourt é conhecido pelo elevado grau de exigência na sua vida profissional e é neste plano que encara as suas funções no Sporting, razão pela qual não está disposto a tolerar a ausência de resultados. Num cenário radical, porque, numa altura em que o presidente prometeu aos adeptos que iria "tomar uma atitude", tudo é equacionável, a ruptura tem de ser considerada. E esta não deverá acarretar custos para os cofres verdes e brancos, tendo em conta que Paulo Bento sempre afirmou estar pronto para sair no momento em que não fosse desejado. José Eduardo Bettencourt viaja amanhã para Florença, inserido na comitiva leonina. O presidente vai aproveitar a deslocação a Itália para fazer sentir a técnicos e jogadores a sua preocupação com as últimas atuações da equipa que, recorde-se, ainda não alcançou qualquer triunfo em partidas oficiais. O líder do clube de Alvalade, que optou por não se deslocar ao balneário no final do embate com o Sporting de Braga e por não assistir a qualquer dos treinos realizados na Academia depois do desaire de sábado, fará sentir aos elementos do plantel que este é o momento de arrepiar caminho, sob pena de ser obrigado a assumir medidas mais drásticas. O dirigente, de 48 anos, ter-se-á apercebido, ainda na tribuna de Alvalade, do mau ambiente que está a gerar-se entre equipa e adeptos, confidenciando na altura que alguma coisa vai ter que mudar. Esse parece ser também o sentimento de uma larga franja de adeptos e associados, cansados dos sucessivos desaires e da falta de soluções apresentados pelo conjunto treinado por Bento. A contestação poderá subir de tom, caso o Sporting não obtenha resultados positivos com Fiorentina e Académica.
