Não é só Polga os problemas...

... Desconcentração nos primeiros minutos? Confere. Fragilidade nas bolas paradas? Confere. Insuficiências no jogo aéreo? Confere. Falta de soluções para as laterais? Confere. Isto tudo foi visto no jogo do Dragão. Com todos estes handicaps a valerem um golo de entrada, o Sporting acabou por fazer um jogo sólido mas, como quase sempre esta época, a correr atrás do tempo perdido. E, desta vez, foi avanço de mais. A soma dos defeitos foi mais determinante para a história do jogo do que a falta de sorte no lance de Postiga ou as oscilações disciplinares de Duarte Gomes. Como símbolo deste handicap que o Sporting continua a dar aos adversários, Polga surge como nome incontornável. Está longe de ser o único problema - esta noite, mesmo Carriço esteve muito abaixo do que é habitual - mas o seu mau momento de forma continua a custar demasiado caro à equipa. Ligado aos momentos determinantes do jogo, o golo e a expulsão, o central brasileiro vai, para já, falhar a próxima jornada. Face às indicações dadas por Tonel, nas poucas oportunidades de que dispôs, essa pode bem ser, para a equipa e para o próprio Polga, uma bênção disfarçada.

Formação já rendeu 62 milhões

O Sporting é o clube, entre os chamados "grandes", que maior lucro teve com a transferência de futebolistas provenientes da formação desde o início do século XXI, ao "encaixar" cerca de 62 milhões de euros. Com um total de seis jogadores formados no clube transferidos desde o dia 01 de Janeiro de 2001, os "leões" já receberam 61,8 milhões de euros, o que equivale a mais de dois terços do montante global das vendas realizadas pelo clube (87,9 milhões) neste século. A primeira grande transferência ocorreu no final da época 2001/02, quando o médio Hugo Viana foi para o Newcastle, de Inglaterra, por 12,5 milhões de euros, após a conquista do último campeonato ganho pelo Sporting. No entanto, no "top" das vendas dos verde-e-brancos está a transferência do avançado Nani para o Manchester United, em 2007, numa operação que rendeu 25,5 milhões de euros aos cofres "leoninos". Na segunda posição do "ranking" dos clubes que mais lucraram com vendas de jogadores da formação surge o FC Porto, com 52 milhões de euros realizados na venda de cinco jogadores, entre os quais Hélder Postiga, que rendeu cerca de 11,5 milhões em duas transferências (para o Tottenham, em 2003, e para o Sporting, em 2008). A transferência do avançado português para o clube londrino, por nove milhões de euros, abriu a "conta" dos portistas, mas foi com o defesa central Ricardo Carvalho que os tetracampeões nacionais realizaram o maior negócio, quando o Chelsea pagou 30 milhões de euros pelo passe do então recém-campeão europeu.No último lugar do "pódio" encontra-se o Benfica, com apenas 18 milhões de euros realizados com a venda de um só jogador proveniente da formação, o médio Manuel Fernandes, actualmente nos espanhóis do Valência. Em 2005, após a conquista do 31.º título de campeão nacional, o Benfica vendeu 50 por cento do passe do jogador a um grupo de investidores por nove milhões de euros e em 2007 cedeu ao clube espanhol a outra metade pelo mesmo valor. No conjunto dos três principais clubes portugueses, a formação rendeu perto de 132 milhões de euros, valor inferior à soma paga pelo Real Madrid para contratar Kaká e Cristiano Ronaldo (159 milhões), este um produto das escolas do Sporting.

Rui Patrício - a força do futuro?

Joaquim Carvalho abre um sorriso quando o tema de conversa chega a Rui Patrício. A razão, aponta com orgulho, não é de somenos. O actual camisola um, guardião vindo directo da formação com mais continuidade nos seniores desde Vítor Damas, foi observado primeiramente pela referência da baliza leoninas nos anos 1960, como recorda: "Eu treinava os guardiões de formação das escolas do Sporting quando recebi um telefonema de Marrazes, para eu ir ver este miúdo. Falei com o Aurélio Pereira e fui vê-lo. Gostei muito do Rui. Chegou iniciado e acabou por ficar na minha mão uns três anos a trabalhar." O antigo internacional luso orgulha-se de ser um dos confidentes do jovem guarda-redes. "Ele fala muito comigo, pede-me opiniões. Atenção, estamos a falar de um miúdo forte, com carácter. Por exemplo, já afirmou que quando for à Selecção é para não sair mais de lá. Não é um Damas, porque não há iguais, mas, sem problemas, pode vir a ser um grande deste país", aposta. Melo também recusa comparações a Damas, mas aponta: "É forte psicologicamente, mas não há comparação com Damas. São outros tempos e só a baliza é a mesma. Por acaso, tem o mesmo defeito de Damas: sair dos postes. Mas isso trabalha-se. Ele é jovem e tem espaço de progressão."