RECORD – Em período eleitoral, sublinhou que a lista que liderava não era “um saco de gatos”. Depois de tudo o que se passou, está arrependido de algumas das decisões que tomou na altura de formar a lista?
GODINHO LOPES – Falar a posteriori é fácil. Há cerca de 13 meses, o Sporting estava completamente partido. Decidi envolver-me na corrida numa altura em que ainda não havia candidatos assumidos. Comecei a olhar para os potenciais candidatos. Paulo Pereira Cristóvão tinha perdido com Bettencourt, logo, um potencial candidato; João Nabais – advogado e amigo – apresentou-nos duas ou três semanas antes de apresentarmos a lista. Todas as pessoas convidadas tinham uma tarefa bem marcada na estrutura. Foi, desta forma, que a lista foi delineada. Quando dei por mim, já tinha os 11 elementos permitidos. Estamos a falar do Sporting e não de uma empresa que compra ações. O que é que nos deve orientar a todos? O clube. Achei que devíamos dar as mãos para garantirmos a sustentabilidade do Sporting. Como podem ver por algumas reações, continua a haver abutres sempre à espera de um problema para poderem morder. Ao longo deste período, as pessoas vão falando porque, quando olham para cima, só se veem a eles próprios e não ao clube.
«Há um miúdo que chora quando Rui sofre golos»
R – É um homem experiente na área dos negócios e, nesse sentido, não acha que é uma visão romântica convidar pessoas que conheceu há poucas semanas – como Pereira Cristóvão ou Carlos Barbosa – para um projeto tão delicado?
GL – E ser sócio do Sporting não é uma questão romântica? Transmitir aos filhos a paixão pelo clube é romantismo. O futebol é inexplicável. A minha sogra, por exemplo, adora futebol e telefona a cada cinco segundos para a minha mulher a comentar lances do jogo. Quer outro exemplo: há um miúdo no Hospital da Luz que chora sempre que o Rui [Patrício] sofre um golo. Chama-se João Pedro e vai ter a prenda que sempre quis: uma camisola autografada. Aliás, antes do jogo com o Ath. Bilbao pedi ao Patrício para não sofrer golos porque senão o miúdo chorava. (sorri) Se isto não é romantismo, o que é?
R – No entanto, sabe melhor do que ninguém que é preciso saber equilibrar o romantismo com a vertente empresarial…
GL – Há uma diferença entre o clube e a SAD. Na SAD é tudo profissional e tudo pago, e o único que não recebe sou eu. Duque e Freitas são profissionais pagos, por exemplo. Agora, eu ando em cinco países do Mundo a tentar resolver os problemas do Sporting.
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