Fábio Magalhães vai fazer 24 anos no próximo dia 12, mas já se afirmou como um dos andebolistas mais importantes do Sporting, no qual cumpre a terceira temporada, depois de ter chegado do ABC. Nascido em Lisboa, mas tendo crescido no Minho, já viveu uma grande alegria com a conquista da Taça Challenge, mas continua sem festejar o campeonato nacional pelo Sporting - o último data de 2001 -, emoção que conheceu muito novo, ainda em Braga. A conversa teria de começar por aí.
O que tem faltado ao Sporting para conquistar títulos?
É uma equipa jovem, mas temos formado um sete mais consistente. A cada ano que passa estamos melhor; estamos com mais força nesta fase do que no ano passado ou há dois anos.
O problema é a juventude da equipa?
Também temos jogadores experientes. O segredo é precisamente conciliar a experiência com a juventude, pois só assim se pode lutar pelo título. Figueira, Solha, Hugo Rocha, por exemplo, são muito experientes e conjugam-se com jogadores novos, que também dão ânimo à equipa e podem fazer mais dez anos no clube. Esta é uma equipa para muitos títulos.
Já têm algum atraso para o FC Porto e estão em luta acesa com o Benfica. Nestas condições, ainda podem chegar ao título?
Sem dúvida. Falta muito campeonato e, na próxima fase, os pontos reduzem a metade, deixando as equipas mais próximas. Vamos ter o campeonato novamente muito equilibrado.
Não se está a repetir o ano anterior, quando o FC Porto também terminou a primeira fase com alguma vantagem?
O ano passado, eles terminaram igualados com o ABC e depois é que se isolaram e foram campeões. As épocas não são iguais, nem nada que se pareça. As equipas que discutem o título são diferentes, e nós estamos melhores.
Como analisa o Sporting?
Tem uma excelente organização. Aqui somos tratados como membros de uma família. Senti logo isso ao mudar-me. Qualquer jogador gosta de estar no Sporting, e creio que será por isso.
Conhece atletas de outras modalidades?
Convivemos bastante com os jogadores do futsal, que temos o hábito de acompanhar. O clube trabalha bem e com muitas modalidades, uma filosofia que me agrada muito.
"Ganhar a Challenge foi um marco na carreira"
"Sinto-me diferente. Estou mais experiente. Vencer a Challenge ajudou-me a evoluir por tudo o que vivemos. Foi uma das maiores alegrias, um marco na minha carreira", diz Fábio Magalhães, que se sente feliz em Alvalade, ao ponto de dizer que é "como qualquer atleta, ambicionando experimentar outros campeonatos", mas que estando no Sporting, "nem [pensa] nisso". Tendo crescido no Minho, diz que em Lisboa convive mais "com outros jogadores novos que cá estão", isto além do óbvio: "Também passeio muito com a minha namorada."
"Fui levar um primo ao treino..."
Como começou no andebol?
Estava em casa de um primo que jogava andebol, o meu pai atrasou-se ao ir-me buscar e tive de acompanhar o meu primo ao treino. Como faltava um atleta, o treinador - o sr. Raul Maio, que me orientou alguns anos - chamou-me. Era o CAB, Clube Atlético de Braga. Era "bambi", dei uns toques e fiquei. No ano seguinte, como o CAB fechou, mudei para o ABC.
E cresceu rapidamente…
É verdade, tive uma grande evolução. Fui campeão nacional de infantis e ganhei o prémio de melhor jogador. Foram bons anos de formação.
Tem ídolos?
Todos temos. No ABC, adorava ver jogar Youri Kostetskiy: foi a minha grande referência. Mas ali havia muitos jogadores admiráveis: Carlos Resende, uma potência do nosso andebol, Eduardo Filipe, Filipe Cruz, Carlos Ferreira. Com este, ainda tive a felicidade de jogar. Era um grande homem.
Como vê o atual ABC, que teve dificuldades para ficar nos seis primeiros?
O ABC será sempre um clube histórico. Está a atravessar uma crise, tal como o nosso país, mas dentro de um ou dois anos voltará ao que era.
"Trabalho para isso"
Jorge Borges, treinador do Águas Santas, disse recentemente a O JOGO que Fábio Magalhães, que orientou nos juniores do ABC, era o jogador português com mais potencial. "Já tive oportunidade de lhe agradecer e de lhe dizer que também o considero um grande treinador, como se está a comprovar pelo segundo lugar do Águas Santas. O que ele está a fazer não é para qualquer um", atirou logo o leão, garantindo que está "a trabalhar muito para lhe dar razão". Sobre reparos à Seleção Nacional é que não está muito de acordo, pois representa-a "com muito orgulho". O apuramento para o próximo Mundial, sendo jogado frente à Eslovénia, "deixa pensar que é possível passar", depois de, reconhece, a equipa lusa "ter andado anos a rezar por bons sorteios". Mas de uma realidade está consciente: "Quanto mais tempo se passa de fora, mais complicado se torna voltar."
Fonte: O Jogo
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